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O que estamos fazendo?



Tiê com 1 ano, em Belo Horizonte, MG.


Como e por que?!


De alguns anos pra cá, sinto que a tendência do "existencialismo" veio pra ficar e chegou por aqui também. Uma certa cobrança, consciente ou inconsciente ou ambas as situações, sobre o que temos que fazer, de que forma, por que e pra que, acometeu nosso dia-a-dia.


Traduzindo um pouco para o café, para que este blog não caminhe para algo ainda mais lúdico e filosófico, escrito por alguém certamente não preparado para tal, a busca pela "bebida perfeita", pelas certificações de "mestres", por o "melhor café disso ou daquilo", tem ganhado holofotes ímpares, sucumbindo espaços de fala e discussão para demais temas, como o "impacto da política no nosso setor", "democratização da bebida para a realidade de consumo do povo brasileiro", as "previsões climáticas gravíssimas para nosso imenso setor produtivo", etc.


Ouvi de uma produtora, a seguinte frase: "O termo café especial é uma forma jovem e moderna de comunicar e executar práticas antigas de negócio" e isso mexeu muito comigo, por ser obrigado a concordar com ela.

Talvez pela latente necessidade de auto-afirmação, intrínseca aos povos colonizados, essa nossa cultura americanizada "de romantização" como tentativa de valorização de algo, nos leva a discutir menos verdades e, consequentemente, desenvolvermos pontos cruciais, sejam sociais e/ou econômicos.


O formato que praticamos o café em nosso país, acredito ser um dos mais verdadeiros modelos de contação da história do Brasil: é visto como algo imensamente grande e rico, plural, com diversidade e complexidade inigualável, com seus muitos campos de desenvolvimento cada vez mais ascendentes.


Não gostaria aqui de sugerir que estamos seguindo a direção contrária como se estivéssemos "cavando um grande buraco", mas que pensássemos que talvez estejamos ainda "dentro do poço" e não "cada um de nós dono de sua terrinha com seu poço no quintal".


Às vezes se reconhecêssemos um pouco mais que fazemos café visando o lucro(oh, não!), mas talvez buscando uma forma de execução através de atividades que pulsem nossos instintos e valors, seria algo mais verdadeiro e transparente, que insistirmos nesse discurso que tudo é amor, parceria, coisa e tal.



Primeira fazenda de café de Tiê (2meses)

Compartilho com vocês todos estes assuntos até então, não por que eu tenha a verdade ou muito menos a resposta, mas sim por estar completamente em busca sobre como que de fato eu poderia agir e quando, para contribuir de alguma forma para algo melhor para todas nós.


Quando oficialmente o EAYC - Energía Alquimia y Café nasceu, paralelamente nascia também meu filho, que passou a ser, incomensuravelmente, minha maior fonte de inspiração, aprendizado e "filosofadas" sobre a vida.

Enquanto eu me via, e sigo me vendo, "nascendo" como pai, fui percebendo que minhas atitudes relacionadas ao meu filho são extremamente orgânicas, instantâneas e constantemente "neurogênicas": é um instinto tão avassalador e animalesco sobre amar e se doar, que pouco resta espaço para dispersar tempo em relação ao agir.


Isso me faz refletir sobre a potência do amor e como encontrar esta força "nos outros amores", refiro-me a nós, sociedade e natureza.


Cheguei à conclusão que leva-se muito, muito tempo para entender de fato o que buscamos e o que estamos de fato fazendo em e por nossas vidas, mas em apenas 2 anos meu filho me ensinou que é possível fazer muito, grandiosamente muito por algo/alguém/alguma causa, quando você realmente sente amor verdadeiro.


Desde então, busco descobrir com mais ênfase o que amo, do que entender do que sou capaz.



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